Em terra de Mank, Kane ainda é rei

Bernardo de Quadros Bruno
2 min readApr 2, 2021

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Notas sobre Cidadão Kane, considerado por muitos um dos melhores filmes já feitos

Pôster do filme celebrado como uma das grandes obras hollywoodianas

Cinema como uma linguagem aditiva, camadas que lentamente formam um significado:
1. esteticamente com o uso da profundidade de campo que transforma o plano em um espaço simultâneo de diversas ações, dramas, significados, luzes e sombras — a famosa cena da mãe de Kane assinando o contrato com a criança brincando ao fundo.
2. tematicamente com uma história não linear resultante de diversos relatos que se completam ou contrastam, quase um pré efeito Rashomon, Charles Foster Kane é um grande quebra cabeças a ser resolvido pelo público. A interpretação final nunca é a mesma, cada um enxerga a personalidade complexa e profundamente perturbada de Kane de uma maneira (a minha favorita é a interpretação de Kane como um Édipo moderno na trágica era da mídia impressa tentando preencher o vazio da sua mãe — rosebud)
3. Ao reunir a estética com a temática temos um dos planos mais expressivos do cinema: a profundidade de campo de Orson Welles revela um Charles Foster Kane decadente e multifacetado mas eternamente refletido pelos espelhos do salão de Xanadu, assim como os relatos dos próximos de Kane continuam a gerar eternamente novas imagens e ângulos desse personagem.

Confira também minha crítica de Mank (2020), filme da Netflix sobre a criação do clássico Cidadão Kane

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